sábado, 21 de novembro de 2015

Reflexos

Certa vez me ofereçam um espelho,
o senhor disse que não era um espelho comum
Vendo minha cara de dúvida levou-me até onde o espelho ficava
parei em frente e nada refletiu
Estranhei, e ele me olhou perplexo 
vi naquele olhar a pena, 
questinou-se 
Continuei a observá-lo 
quando ele disse que era o espelho da vida,
que refletia não apenas o corpo, refletia alma,
o futuro
Ele ainda sem entender expliquei-o que algumas pessoas 
possuem apenas o corpo, ocupando um curto espaço
sem prazo determinado
e quando acaba o prazo, o corpo também se vai...
Perguntou-me como, não respondi
Meu prazo acabou.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O que ela não carrega

O sorriso que ela não carrega
é a curva mais tenebrosa que já vi
Ao sorrir forma aquelas linhas que expressões,
os olhos se cerram e ainda assim
consigo ver o fundo da sua alma,
consigo ver seus olhos pedindo socorro
O sorriso que ela não carrega é o equilíbrio
entre o inferno e o paraíso
entre o frio e o quente
entre a dor e o amor
O sorriso que ela não carrega
me mata.
Perco-me naquela curva sinuosa
e afogo-me do olhar de desespero
È curva mais tenebrosa que eu já desejei perder o controle

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Branco é a cor da dor

Papel de Parede - Árvore Congelada


Sinto-me congelada, 
Sem reação
não sinto nada.
Em milésimos me vem a dor agoniante 
depois desaparece,
se camufla,
feito fumaça de cigarro num nevoeiro
Não sinto nada.
Quando a memória não falha
lembro-me de lágrimas,
sorrisos borrados,
não sei se meus, não sei se seus
Me perco.
Não sinto nada.
Vejo um grande branco infinito diante dos meus olhos,
Tortura.
Branco é a cor da dor

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Loucura nossa de cada dia


Já dizia Bukowski:
“Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura”
Me pergunto o que é a loucura,
Sem relatório médico, sem remédios
O que é a loucura sozinha?
Posso comparar com uma aranha que nos habita
Faz do nosso corpo sua morada,
E da nossa mente espidroína para produzir a seda
E nós somos o inseto que se enroscará,
Ficará a debater-se e morrerá na própria loucura.

Excesso de sanidade ou falta dela?
Medo em excesso ou falta dele?
Encher-se ou esvaziar-se
Ir ou permanecer?
Ser ou fingir?

Viver ou estar?

domingo, 1 de novembro de 2015

Pequenos Fragmentos Homicidas Que Nos Habita



"Todas tuas dores transbordarão", senti na prática o que isso queria dizer. Transbordei. Doeu.Uma.Duas.Três. Na segunda passei a me perguntar onde caberia tanta dor, tanto medos, tantas angústia, incertezas... Esqueci que assim como o pulmão nosso peito também se expande, se abre e absorve tudo oque não deveria, e os medos, angústias, incertezas e dores entram como pequenos fragmentos.Tolice, não percebi antes, os fragmentos tomaram conta de tudo, preencheu meu peito e me senti vazia.Transbordei.
Talvez a dor seja um fracasso interno e totalmente privado, cada um com seus problemas, cada um com suas dores, somos todos fracassados, uns mais que os outros, porém fracassados.

"Vai pesar". Pesou. Era como se os pequenos fragmentos possuíssem chumbo em suas estruturas, se dividiram entre o espaço no peito e o peso em cima das costas.Senti uma rédia em mim, subiram e cavalgaram com toda vontade que tinha, e ficaram lá por meses, as cavalgadas se intensificavam á noite, coisa que me rendia um olhar profundo pela manhã, momento em que continuavam lá.
Foi numa manhã que não me levantei, que não tinha forças, foi a amanhã que os motivos que eu tinha para tirar os pequenos fragmentos compostos de chumbo de cima de mim desapareceram, eles pareciam comemorar a permanência que eu tinha concedido á eles. Vibravam. E eu? Eu me contorcia, queria vomita-los e sentir-me limpa, mas queria o conforto que eles estavam me proporcionando, estava me acostumando a toda aquela agitação, não sem meu consentimento, mas eles se tornaram parte da casa.

"Vai doer". Doeu. Nunca pensei que poderia sentir dor pela dor, mas senti. Senti porque doeu a maneira como eles tomaram conta da casa, sugaram por completo tudo que restava de mim, o que restou foi o desejo de despejá-los. Queria vomitar esses pequenos fragmentos, rasgar minha pele e tirá-los com a mão, queria cuspi-los, sugá-los, eu só queria tirar eles para fora. Não consegui e doeu de novo. Transbordei.
"Gritarás". Gritei. Descobrir maneiras de gritar, gritei desesperadamente, gritei internamente, pedi socorro pro vazio porque estava pesando, estava doendo, gritei sem voz. E eles se agitaram, Cresceram. Destrutivos agora pesavam como chumbo, ardiam como ácido e eu queimava.
Passou os meses, exausta senti dor do peso e gritava, simultaneamente. Percebi que estavam virando água, pareciam estar sumindo, me sentia limpa e leve. Tolice. Pequenos fragmentos me mataram afogada.
Dor, medos, angústias e incertezas...pequenos fragmentos homicidas,
Pequenos...